quinta-feira, 1 de julho de 2010

VENENO SAUDADE




Há uma dor a corroer meu peito
A esta dor dou o nome saudade
Esta me dilacera, corta-me,
Retalha-me e me serve
Crua e sangrando

Bebe-me, suga-me,
Devora-me, mastiga-me lentamente...
Envena-me, com sua lembrança em êxtase.

Arranca de mim tudo!
E me preenche apenas dela...

Invade-me corrupta saudade...
Penetra-me forte, dolorosa saudade...
Estupra-me pálida saudade!

Pula, tripudia, tolera-me sarcástica saudade!

Porque eu já não tenho mais vida sem ela,
Sou apenas um corpo vazio vegetando no nada...

Porque eu me recuso a ser metade,
Ser um ao invés de dois em um...

Deito minha alma longe do meu cadáver já putrefado
Porque não suporto mais meu corpo,
Meu lugar vazio distante de ti.

Viver tornou-se o mais infeliz dos castigos...

Saudade hoje alicerces de mim, paredes de mim,
Mata-me feito trepadeira, feito sanguessuga, parasita.

Esfaqueia-me dia após dia
Até a última gota de orvalho
Até o ultimo suspiro longe de  minha amada

Saudade ri de mim.

 Leila Machado.