Andei por muitas ruas
Estive por aí em todos os lugares
Bastou apenas que o vento me soprasse
Tenho andado tão cansada pelas praças e jardins, tão fatigada de tudo que se reflete em minhas sedentas retinas.
Tenho andado no escuro de olhos arregalados.
Tenho andado nua e intata, porém tão machuca, tão ferida dentro em mim
Que vazio...
Beijei algumas flores mortas, caminhei descalça na grama olhei pro mar e pensei:
Que solidão...
Ah... Como tenho andado...
Vi tantos absurdos nas bolas de cristais, tanta impiedade nos olhos dos meus irmãos (a humanidade ), eu ouvi tantas palavras peculiares, tão vagas e tão soltas das bocas profanas e covardes...
Que tola, eu acreditei nos corações dos homens, quem traiu primeiro?
Cada um com sua razão e seu cajado.
Ah... Eu andei por tantas ruas, vi tantos infames, vi e ouvi também tantas poesias, que quase acreditei que fosse verdade.
Vi tantos sorrisos sem dentes, tanta dor, tantas lagrimas secas rolar pela face suja da fome, enquanto eu via ao mesmo tempo tanto dinheiro, guardado, encubado, embotido nos bolsos dos paletós dos homens de preto, vi tanta feiúra na cara maquiada da burguesia e tanta beleza nos olhos daquela criança que catava cheia de esperança naquele lixão.
Eu andei, sentei naquele canapé, no divã, nas calçadas imundas, eu vi tantas coisas Deus meu, enquanto eu degustava, gastava dois mil reais numa garrafa de vinho, enquanto eu trocava de carro, tomava banho de piscina e ria meu riso mais sem graça e mais desprovido de verdadeira felicidade e contentamento, meu irmão comia resto de comida e dividia aquele tão pouco com seu fiel cãozinho que feliz abanava o rabo.
Enquanto eu reclamava da vida, meu irmão orava com fé e com frio...
Eu que choro agora por ter andado, por ter visto tanta barbárie, nos becos escuros e nas ruelas de minha alma, choro por tanto querer mudar essa realidade e confusa não saber por onde começar, eu que pensei que se eu tivesse tudo ia conseguir ter paz interior, eu que agora cá no intimo do meu ser, estou tão desiludida e tão compadecida...
Relembro-me das cenas macabras que presenciei desarmada...
Peço perdão a Deus e ao Diabo, por participar inutilmente de tanta miséria e tantas desgraças.
Pegue-me se for capaz
Tenho nas mãos, o vento como arma
Na boca o dom de persuadir com o poder das palavras
Na mente todas as respostas para suas perguntas absurdas
E é explicando que vou te confundir
Meu desejo é ser amante das historias sem fim
Coisa que minha amada jamais compreenderá
Minha maior aliança é com a verdade inventada e omissa
Mas sempre verdade!
Meu maior prazer, me entregar ao ócio
Ao silencio que uma boa musica pode me causar
Deitada em um divã no meio de um coreto em praça pública
Sou menina moça, serena, meiga e gentil
Atrás da minha pureza cristalina se esconde
Uma rameira, mersalina feita de riso e de sonho, de solidão
Irmã da coragem maestrina da intimidade, meretriz, bisca, frincha, michê
Madama, mulher de comida, mulher da vida, mulher de zona, mulher do amor
Mulher do mundo, mulher errada, mundana, perdida, piranha, quenga tolera, vulgivaga, dona de mil nomes, de mil homens de mil amantes.
Porém calta, só me revelo nas noites de lua cheia...
Quando brinco de ficar nua pelas ruas a vagar.
Eu sou aquela que provoca arrepio ao pé do ouvido
Que te seduz a meia-noite, que desperta a libido
Sou aquela que reza e roga antes de dormir
Que levanta ao cair
Que prende em devaneios no meio dos seios
Onde tu gostas de ficar
Sei que você quer saber e agora vou te mostrar
Sou filha de um rei, princesa de Daomé
Sou o desejo da carne, dona da leveza e da perdição
Sou fruto da sua imaginação
Tenho a infinita beleza, com garras de águia pra segurar seu coração
Quem sou eu?
Sou a hostilidade e a sutileza numa alma só
Sorrateira duradoura e fugaz se você me quer,
Como já disse no inicio do texto:
Aqui na frente desse mar, todos os dias todas as tardes, o mais belo por do sol.
Amores que vem e vão como as ondas que batem aqui no rochedo.
Rodas enferrujadas, batente sem degrau, o mar parece não ter mais fim.
Água limpa, cardumes, nadadores em alto-mar, uma singela embarcação diverte uma turma de loucos e nossos olhos não se cansam de tanta beleza...
Beijos na boca, abraços, carinhos de um quarteto de amigas bem diferentes, porém iguais na maneira de amar.
A fumaça baila no ar e elas só desejam rir, rir para esquecer dos problemas que há lá fora, elas querem se esconder por detrás dos raios do Sol e sair logo mais ao cair da noite, com a luz do luar e o brilho das estrelas.
Enquanto isso o ócio é seu melhor companheiro, suas mentes não cansam de refletir sobre o nada e sobre o amor, por que é isso que o que realmente importa nesse momento.
A noite finalmente chega e elas vão embora, aguardando ansiosas pela chegada de uma nova manhã e conseqüentemente mais uma tarde de Sol, para rever o espetáculo que ele exibe todos os dias incansavelmente.
Quem são as mais belas senhoras diurnas e noturnas de minha amada Salvador?
O que elas querem, o que esperam com suas belas saias e cabelos ao sopro do vento?
Elas me pisam, me chicoteiam, me comem e eu deliciosamente deliro com os seus rebolados, num samba de roda, ou simplesmente com seus passos que se seguem pelas ruas.
Estão em toda parte, nos bares shopping centers, quartos de motéis, nas cozinhas dos restaurantes, nas maternidades, na ladeira da montanha, ou apenas tomando conta de suas crias.
Negras mulheres, no banho de Sol na praia da Barra, tremendo de frio, em baixo de uma marquise na Baixa dos sapateiros, fumando da erva, bebendo saquê em um restaurante japonês
Uma delas me olha, tirando onda com meu coração que acelerado bate de desejo, desejo de me perder nas suas pernas, em suas traças e nas suas relações amorosas, desejo de sexo, de sentir sua carapinha roçar minha face.
No salto ou na sandália rasteira de couro, comendo caviar ou o que vier
Ah... Deus como eu as quero, como amo as mulheres de minha sagrada Bahia
Baianas do acarajé, do tabuleiro de Obaluayê, filhas de todos os santos, cada uma mais bela que a outra.
São elas que preenchem as lacunas que estão em todos os lugares, no meu no seu coração.
Donas de todas as misturas, são elas.
Abro a porta do meu apartamento vazio e sinto sua presença ausente com sofreguidão, sirvo-me um conhaque e tomo a seco de uma vez só, tentando assim tragar toda a solidão que me deixaste como consolo.
Tudo o que me destes fora tão fugaz e contingente, e mesmo assim causou-me este dano irreparável que escondo atrás de minha face inexpressiva
Fui uma boneca dançante em tuas mãos inseguras acostumadas apenas a espórtulas, farelos e migalhas.
Chegou do nada e nada me perguntou, apenas escarrou em mim suas lastimas e suas decadências, algumas vezes me mostrou um sorriso amarelado, que me enfeitiçou naquele momento em que só via sua alma chorar de dor.
Não sei por que a tão pouco me apeguei se estava tão acostumada a fartura, de outros amores.
Você chegou pra mim, como um cão perdido da mudança, como um mendigo sem esperanças e sem alegrias para relembrar, tudo era tristeza.
Encontro-me agora aqui perdida nas palavras que cá escrevo
Quero-te assim, mesmo tão surrado, tão sofrido, tão perdido
Quero-te como nunca desejei alguém
Por que despertaste em mim o que pensei já havia morrido.
O amor perdido de mim.
Que encontrei no teu peito quase vazio, preenchido apenas pela saudade do teu amor que não acorda mais a seu lado, e nem ao menos liga pra te desejar bom dia.
Eu to aqui presente nas entrelinhas, com o coração pequeno e apertado, tudo aqui é breu e solidão.
Tudo aqui se resume e se aniquila em seu nome atenuante, gritante e esmagador
Fico então aqui, entre o papiro, a tinta e a pena, com sua lembrança na memória, pensando no pouco que me deu e no tão pouco que deixou além da saudade.
Seus cabelos negros e ondulados, caídos sobre os seus ombros, conseguiam esconder seus belos seios. Os lábios rubidos e carnudos, soava e ecoava sons ofegantes dentro daquelas quatro paredes
- Quem era ela, quem? Se perguntava Betty
- Mulher dos meus sonhos, doce e com alma de donzela.
Betty com os olhos turvos, consegue vê-la atrás de uma leve cortina de fumaça, seminua e abatida e ainda assim bela com uma mão na genitália e a outra escorrendo por entre a cabeleira negra, que cobria parte de seu corpo nu.
Ela caminha em sua direção e está cada vez mais perto, és tão linda.
Chega e para a sua frente, levanta a face e num balanço estonteante joga os cabelos para trás e revela seus olhos de inocência.
Deslumbrada Betty toca seu rosto, não consegue acreditar na real existência daquele olhar, Betty pergunta seu nome, e ela responde com um movimento nos lábios que Betty via e ouvia lentamente, em som de música, seus lábios vermelhos como o sangue, seus dentes alvos, sua língua rósea, seu hálito fresco denunciou: Lucy.
Betty fitava cada parte do seu rosto e conseguiu perceber na altura da sobrancelha esquerda uma pequena cicatriz a qual não deu a menor importância.
Betty desejou naquele momento cobrir seu corpo nu de beijos e caricias, de corromper e lograr a inocente pureza daquele olhar e daquele corpo virgem, Itinerou-se em volta de Lucy e mirou sua nuca, desceu seu olhar, tirou os cabelos de Lucy do ombro direito e os jogou sobre o esquerdo, beijou seu pescoço e o corpo de Lucy instantaneamente arrepiou-se.
Betty desceu com os seus lábios sobre o braço de Lucy até chegar a sua mão, apertou-a pela cintura, Lucy não conteve-se, puxou-a para sua frente. As duas se viram uma nos olhos da outra, e numa atitude repentina Betty corre sua mão direita por entre os cabelos de Lucy na altura da nuca e com a mão direita abraçou-a, respaldando assim os seios e a barriga da moça em seu corpo quente, envolvendo-a em um beijo ousado e fervoroso.
Lucy está descobrindo no corpo de uma mulher, tão bela quanto ela os prazeres da carne, o sabor do pecado.
Tenta tirar a blusa preta que cobria o corpo de Betty e sem paciência na ânsia pelo prazer puxa- a de vez pelo colarinho, arrancando assim todos os botões.
Os seios de Betty aparecem por detrás de uma linda e sensual lingerie branca, seus seios rígidos parecem saltar no balanço da respiração ofegante.
Lucy não sabe que sentimento é aquele de querer possuir Betty, mas entende que é bom, que é gostoso e o quer cada vez mais.
Betty leva sua mão atrevida aos seios de Lucy, beija sua boca e seu pescoço, passando levemente sua língua na sua orelha, ela novamente se arrepia e vinca suas unhas, escoriando assim as costas de Betty.
Betty desce sorrateiramente, com a boca já em seus pequenos seios, com a língua no mamilo direito e mão no esquerdo.
Lucy sente enorme vontade de gritar, já mais houvera sentido aquelas sensações tão maravilhosas que até então eram desconhecidas a seu corpo.
Betty faz movimentos rápidos com a língua, para cima e para baixo, chupando insanamente os seios da jovem moça.
Desce mais e lambe toda a sua barriga, correndo a língua e mordiscando delicadamente a carne de Lucy.
Betty já suada, pega uma taça de vinho e pinga gotas sobre as costas de Lucy, sugando com a língua cada gota.
Lucy geme e Betty fica louca de tanta excitação.
Betty de tanto calor arranca o resto da roupa, mostrando assim suas belas pernas, estas de meia calças bordada na altura das coxas grossas,fazendo assim surgir e criar desejos em Lucy que as aperta contra seu corpo.
Parecem duas feras no cio em busca de prazer.
Betty já está no umbigo e Lucy deseja que ela desça mais
Betty aperta a virilha da jovem.
Lucy parece que a qualquer momento pode desfalecer nos braços da dama a sua frente.
Betty estira a perna direita da moça e beija seus pés, subindo pela panturrilha chegando ao joelho e Lucy a olha não mais com olhos de inocência, mas com olhos famintos.
Betty passa do joelho, lambe sua virilha e abre delicadamente sua vagina, morde os lábios quando sente que Lucy está “melada”.
Beija, lambe, chupa seu clitóris, quer chegar a fenda e introduz sua língua no orifício de Lucy, tirando assim toda a sua pureza e virgindade, apertando suas nadegas.
Lucy se contorce com o tocar delicioso de Betty, delira, seus olhos reviram-se e se fecham de gozo, ali no chão da sala a luz de velas, por entre as sombras.
Betty acorda palpitante, pálida de susto, a sala transformou-se num sepulcro total, ainda procura por Lucy, em vão a chama, suspira e implora pelo devaneio, encontra apenas o leito desabitado, a sala está muda e tudo é solidão.
Olhando seu retrato em preto e branco, vendo esse olhar distante
Percebo que não estas pensando em mim, e dói muito saber disso.
Insisto em ser sua amiga, é reconfortante te ter por perto, mesmo sabendo que sentes saudade de outra pessoa que, não sou eu.
Às vezes te ligo, sem saber o que realmente falar, as palavras fogem do meu pobre ser.
Você nem me nota, mas eu estou a beira de sua porta todos os dias, a espera de um sinal seu, durmo e acordo na esperança de um dia você me convidar a entrar
E quem sabe até me oferecer uma xícara de café, uma conversa informal.
Não esperaria muito ou mais que isso, ficaria feliz apenas em te ouvir, em assistir teus sonhos remotos, de ouvir e revive-los.
Ver fotos coloridas além desta aqui em preto e branco, que tanto me assombra e que tanto me basta, com esse olhar que não busca os meus, com essa sede na boca que não é de mim.
Escrevo-te aqui sem nem saber direito como concluir meu raciocínio, que agora está tão perdido em meio a tantas idéias de como tentar aproximar meu coração do seu.
Só me resta esse maldito retrato que dilacera meu peito, mas que também consola esta infeliz saudade que carrego dentro em mim, saudade de você que pouco vi, que quase nem toquei, mas que insiste em meus pensamentos, que invade minhas paredes vazias que inunda minha alma, com esse quase meio sorriso que vejo no retrato.
Paredes que só ecoam o seu nome dia e noite, incansavelmente.
A se tu soubesses que aqui, quem escreve essas poucas palavras pobres e desprovidas de alegria, é alguém te ama e sente saudade do seu perfume, dos teus cabelos lisos e curtos
E até desse meio sorriso, tímido e fugaz, que imaginei vendo o retrato.
Deixarias tudo e contentar-te-ia apenas de meu amor.
Se soubesses o quanto me custa colocar isso pra fora aqui no papel, que nem ao menos tenho certeza de que vais ler.
Contento-me com a utopia vã, com a saudade e com o retrato em silêncio...
Suplico, choro, estimo por tuas mãos!
Quero beijar tuas mãos, me perder entre teus dedos
Quero brincar em tuas mãos
Quero voltar a ser menina em tuas mãos
Quero ter a eterna pureza de uma criança em tuas mãos
Quero e preciso caber em tuas mãos, adormecer e sonhas dentro delas
Necessito que chores para que limpes teu rosto e eu possa me banhar de tuas lagrimas em tuas mãos.
Ah... Como quero oscular tuas mãos
Como careço do tocar dos teus dedos, deles todos me apertando e me possuindo.
Num só balanço, dançar em tuas mãos
Numa só graça, sorrir em tuas mãos
Num só castigo pelejar em tuas mãos.
Oh céus, imploro por tuas mãos!
Suplico choro, estimo por tuas mãos!
Embora não pareça, padeço por tuas mãos!
Ah... Como são indispensáveis dentro em mim as tuas mãos
Como eu as quero e como sou pobre de tuas mãos
Em um só esmero sentir tuas mãos
Ao te ver um choque em tuas mãos
Em um só suspiro desfalecer em tuas mãos
E com um só laço me enaltecer e me eternizar em tuas mãos.
Faz - me rir, esse teu jeito de pedante encarnado...
De pular salto a salto, em busca de emoções perdidas.
Seu coração não tem minhas asas coloridas, que um dia quis te dar inutilmente
Tentando te resgatar das sombras em que vc se sepultou...
Linda e bela, embora os vermes não tenham ainda te devorado, ainda resta,
alguns fios de cabelo adornando sua face corroida pelas rugas de
preocupação...
Teu sorriso amarelado e triste esconde lagrimas exclusas da sociedade vã...
E vendo de cá tua imagem eu consigo achar graça, dos sonhos que um dia me
oferecera e que eu quase aceitei, em busca de solidão.
Rogo ao tempo que não leve de mim a meninice que carrego cá dentro em mim, que não borre os traços finos que adornam o meu rosto.
Que eu morra bela, ainda que viva muito, que em meus lábios tenha sempre esse meu sorriso vadio e puro, que em meus olhos tenha sempre o brilho de uma menina encantada ao ler um livro de amor.
Que mesmo tão menina e tão provinciana que meu corpo transpire a sedução que me consome agora.
Que meu ser seja tão singular a ponto de ser único e inesquecível.
Que por onde meus pés descalços levem meu corpo nu meu perfume deixe sempre aroma de rosas brancas no ar.
Que tu tempo não apagues minhas pegadas longínquas, nem o toque suave de minhas mãos.
Tempo que és tanto a meu favor, que tantas magoas curou, tantas feridas fechou
Peço-lhe que mais uma vez seja por mim.
Que eu não precise recorrer a mascara da maquiagem, a soberba da vaidade
Não permita tempo que a velhice mate minha mocidade.
Não peço-lhe muitas coisas, nem riqueza nem glamour, peço-lhe apenas, o impossível de mim.