terça-feira, 18 de maio de 2010

PENSANDO EM VOCÊ




Abro a porta do meu apartamento vazio e sinto sua presença ausente com sofreguidão, sirvo-me um conhaque e tomo a seco de uma vez só, tentando assim tragar toda a solidão que me deixaste como consolo.
Tudo o que me destes fora tão fugaz e contingente, e mesmo assim causou-me este dano irreparável que escondo atrás de minha face inexpressiva
Fui uma boneca dançante em tuas mãos inseguras acostumadas apenas a espórtulas, farelos e migalhas.
Chegou do nada e nada me perguntou, apenas escarrou em mim suas lastimas e suas decadências, algumas vezes me mostrou um sorriso amarelado, que me enfeitiçou naquele momento em que só via sua alma chorar de dor.
Não sei por que a tão pouco me apeguei se estava tão acostumada a fartura, de outros amores.
Você chegou pra mim, como um cão perdido da mudança, como um mendigo sem esperanças e sem alegrias para relembrar, tudo era tristeza.
Encontro-me agora aqui perdida nas palavras que cá escrevo
Quero-te assim, mesmo tão surrado, tão sofrido, tão perdido
Quero-te como nunca desejei alguém
Por que despertaste em mim o que pensei já havia morrido.
O amor perdido de mim.
Que encontrei no teu peito quase vazio, preenchido apenas pela saudade do teu amor que não acorda mais a seu lado, e nem ao menos liga pra te desejar bom dia.
Eu to aqui presente nas entrelinhas, com o coração pequeno e apertado, tudo aqui é breu e solidão.
Tudo aqui se resume e se aniquila em seu nome atenuante, gritante e esmagador
Fico então aqui, entre o papiro, a tinta e a pena, com sua lembrança na memória, pensando no pouco que me deu e no tão pouco que deixou além da saudade.

Leila Machado.

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