segunda-feira, 5 de setembro de 2011

DESENCANTO




Caminho pelas ruas, sinto-me descalça, nua.
Sinto como se tivesse perdido a memória
E se não a memória, não sei ao certo
Mas acho que perdi a essência.
Sei quem sou, ou pelo menos sei como estou e como me sinto,
Mas não me recordo mais quem eu fui,
Ou o que sentia antes.
Não consigo mais fazer as coisas que antes fazia,
Não me encontro em nada!
Não me concentro em nada!                       
Não leio mais nada, não escrevo mais nada...
Sobre carregada de tudo, cansada de tudo!
Todos os caminhos que percorro querendo fugir de mim,
Levam-me sempre ao mesmo destino... A solidão!
Ao silencio que me assombra em meio ao barulho ensurdecedor da cidade
À escuridão das paredes brancas do meu quarto, a minha cama vazia, outra vez...

Ando mal, nervosa, triste e de muito mau humor!
O nada me persegue,
Me embaraça as pernas e me joga ao chão todas as vezes que tento fugir dele.
Não reconheço mais a imagem que se reflete no espelho,
Nem esse tormento ao discorrer essas palavras sobre o papel que antes eram tão calorosas
E me aquecia a alma sedenta de sonhos inalcansados...
E que nunca alcansarei.
Meu sorriso Candido e alvo, não se mostra mais, perdeu o brilho.
E eu?
Perdi o encanto, perdia a graça, a alegria de viver.

Leila Machado.



sábado, 29 de janeiro de 2011

NO BURACO DO INFERNO




Sinto-me como numa caixa de vidro no fundo do mar
Estou presa no casulo...
E talvez nunca vire borboleta!
O colorido não me alcançou as asas...
Quase o toquei com a ponta dos dedos finos
O senti nas unhas, mas não o palpei...

Arranho meu pescoço como quem quer lascar a garganta
E libertar um grito que não sai e me sufoca a alma inquieta!

Quem sou eu?
O que sou eu?
Essa voz que ecoa na minha cabeça?
E qual voz, a da razão ou a do coração?

Sinto fome e dor...
Há um peso enorme, é como se eu carregasse o mundo inteiro nas minhas costas
Há um padecer, um penar...
Não vou pagar pela morte súbita, ou menos ainda pelo pecado do suicídio
Não tenho o direito de acabar com a minha própria e miserável vida?!
Pois bem! Eu ei de morrer aos poucos todos os dias
Vou deixar que os braços frios da morte me esfaqueiem as vísceras
Feito espadas de esgrima, em doses homeopáticas...
Assim lentamente...

Não sei bem, mas acho que o grito preso na garganta me engoliu!
Estou descendo lentamente goela a baixo...
Rumo ao buraco do inferno até então desconhecido.

Leila Machado.


terça-feira, 18 de janeiro de 2011

POR TE AMAR



E toda noite tu me chamas
Clama por meu silencio
Inerte ali deitada sobre a cama

Eu ouço suas historias
Seco suas lagrimas
De uma paixão, de um sonho inalcançado
Da mobília da casa que já se foi
Do olhar pelo lado de fora e ver
A casa que já se foi, ali em pé!

E por te amar, suporto cada suspiro teu
Por te amar, eu te amo bem mais que a mim
E como dói quando não te sinto perto
Por que eu vivo em sua pele

Por te amar brotou de mim
Uma calma antes desconhecida
Uma mulher, uma força!
Brotou uma fêmea, uma menina
Que busca proteção ao te proteger
Brotou de mim lagrimas de dor
E o sorriso da mais pura felicidade

Por te amar, nasceu em mim
A  fidelidade
A lealdade
A amizade

Minha amiga... Minha melhor amiga
Minha mulher... Minha melhor mulher

Por te amar eu doei o que há de melhor em mim
Por te amar eu quero ser sempre à melhor
E ainda que não consiga ser para ti a melhor...
A minha intenção será sempre a melhor possível

Por te amar eu rogo a Deus todas as noites
Para que tu sejas minha
Que tu sejas apenas minha
Somente minha...
Por que cada amanhecer
Cada verso meu
Cada vez que eu respiro é por ti

E por ti, eu tudo faria
Por ti, eu compraria a maior briga do mundo
Em luta por tua paz
Por ti, eu abandonaria todas, abandonaria tudo!
Por ti eu doaria a minha singela vida...

Por ti eu abraçaria a morte
Assim como abraço a vida.
Quando te sinto pesar, dormindo sobre mim...
Porque eu vivo por ti!
E por ninguém mais.

Leila Machado.


TE AMO


Uma briga...
Uma luta
Uma guerra!

É  delicioso
É maravilhoso
É voluptuoso
Brigar...
E depois ganhar o teu amor.

Sua língua em meu pescoço
Sua mão em minha coxa
Subindo por trás
Um sussurro ao pé do ouvido
Um gemido baixinho

Meu corpo parece não ter ossos
De tanto que me contorço

Um puxão de cabelo
E você me diz: você é minha!
Um sorriso disfarçado, quase imperceptível
Um ar de felicidade
Um abraço apertado...

Eu te ponho a dormir no peito meu
Agora cansada, exausta e farta te pergunto
Você me ama?
E você responde: eu te amo Leila!

Como é delicioso,
Como é maravilhoso
Brigar pelo amor teu

E como é delicioso 
Como é maravilhoso
Como é voluptuoso 
Que eu saiba e sinta
Que eu também te amo!

Leila Machado. 


terça-feira, 11 de janeiro de 2011

JURA




O sonho, as cores, as teclas...
Do que é feito a vida?
O passado, o presente, o futuro?
A luz, as árvores, o ar
As trevas?


Eu vejo um abismo...
O precipício!

A solidão, as pessoas
A confusão...
A TV,  as musicas...
As flores!
Do que é feito a vida?

As compras, os carros
As motos, o bar?...
A praia, a água de côco.
O banho de mar
A estrada!

Eu vejo um abismo...
O precipício!

O sorvete, meu pai, minha mãe
Família!
Amigos? 
Do que é feito a vida?

As roupas, o corpo nu
O sexo, o prazer, o momento
O que passa?
O que sinto, o que sentes...
O que somos, quem somos?
Nós duas...
Disritmia!

Eu vejo um abismo
E agora um muro...
Depois dele o precipício!

Um flash, um piscar de olhos
Um amor encontrado
Um amor que perdi
Um amor a que vim buscar
Um amor para viver
Um amor para morrer junto!

Do que é feito a vida?

Um salto, uma palavra...
Um poeta, um coração vadio
Mil mulheres...
Amantes, mulheres de novo...
Bocas, línguas, beijos!
A sua mão em meu corpo...
Seus seios... Seus ombros!
Minhas curvas, nós...

Do que é feito a vida?
Medo, ou caragem?
descaso, ou vaidade?
São tantas perguntas...

Um abismo, o muro...
Você, o precipício
Um lampejo!
Se você pular...
Eu juro que pulo!

Leila Machado.







quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

SÚPLICA


Antes de te amar...
Nada era eu, sentimentos inúteis
Sonhos vãos, beleza sem brilho
Antes de amar...
Nada valeria mais a pena
Nem mesmo a saudade
Sofrimento de quem ama
Antes de te amar a poesia era inventada
Era insensível, mentira, invenção

Hoje te amando...
Sinto que estou viva
Pois sinto uma dor tão grande
Uma angustia tão dantesca!
Um sangrar incessante
Um descompasso total
Essa dor me faz perceber
Que meus sentidos estão ativos

Por tanto não tire de mim esse penar!
Ainda que te negue
Ainda que eu esfregue minha carne
Na tentativa inútil de arrancar
Teu perfume impregnado em mim
Ainda que te diga me deixe em paz!
Me deixe em paz!
Me deixe em paz...
Pelo amor de Deus!
Ainda que com lagrimas nos olhos
Te implore que me esqueça
Por que se um dia cederes a esses meus pedidos
Morrei...
Murcha
Vazia
Triste e seca

Da vida que antes sentia nesta alma sem sentido
Se fores embora algum dia...
Tirará de mim não só o teu corpo de minhas mãos
A tua boca de minha boca
Tirará o sopro que rege a minha vida...

 Leila Machado.


sábado, 18 de dezembro de 2010

VOLÚPIA


E se te quero assim
É  por que
Todos os meus sentidos clamam,
Todos os meus poros chamam por você
Porque nenhum outro nesse mundo vai me fazer sentir
Isso que sinto quando nossos olhos se cruzam
Quando nossos pensamentos se cruzam
Quando nossos corpos se unem
Nessa febre
Que mesmo no frio do vento
Faz-nos suar, derreter, esvair...
Esse suor onde parecemos ter acabado
De sair de um banho de chuva
Suadas, molhadas, encharcadas!

Porque quando nossos lábios se tocam
Eu me esqueço de tudo
Esqueço minha identidade
Perco meu endereço...
E não sinto vontade de sair dos seus braços
Nunca mais...!

Oh amada, entenda que sem ti
Não há brilho, não a mar
Não há estrelas nem luar
Não a há sombra nem água fresca
Não há amor nem felicidade
Não há nem mesmo ódio...
Tudo vira nada!
Sal perde o sabor se não tenho sua pele.

Roupa pra que?
Sonhos pra que?
Corpos para que?
Se só no teu o meu se encaixa?

Oh doce e aprazível amada...
Oh mulher!
Oh mulher de minha vida!
Ouça o meu padecer
O meu clamor
O meu desespero

Oh mulher de ombros largos
De seios fartos
Oh mulher de 1,80 m
De pele branca
Oh mulher de lábios quentes
Oh mulher de olhos lindos
De piscar delicioso...

Oh mulher, onde estas?

Oh mulher de beleza única e singular
Oh louca, insana
E de delicioso ciúme!
Entenda que por direito, a ti pertenço
Por que sou caça
E tu meu caçador
Entenda que sou tua prisioneira
Que sou sua!
Sua, sua, sua...
E milhões de vezes sua!

Por que tudo com você
é maravilhoso
Porque contigo
Até a dor é volúpia!

porque minha poesia se repete
Nesse incansável remate
Em que termino e começo
Toda vez que me refiro a você.


Leila Machado.