Sinto-me como numa caixa de vidro no fundo do mar
Estou presa no casulo...
E talvez nunca vire borboleta!
O colorido não me alcançou as asas...
Quase o toquei com a ponta dos dedos finos
O senti nas unhas, mas não o palpei...
Arranho meu pescoço como quem quer lascar a garganta
E libertar um grito que não sai e me sufoca a alma inquieta!
Quem sou eu?
O que sou eu?
Essa voz que ecoa na minha cabeça?
E qual voz, a da razão ou a do coração?
Sinto fome e dor...
Há um peso enorme, é como se eu carregasse o mundo inteiro
nas minhas costas
Há um padecer, um penar...
Não vou pagar pela morte súbita, ou menos ainda pelo pecado
do suicídio
Não tenho o direito de acabar com a minha própria e miserável
vida?!
Pois bem! Eu ei de morrer aos poucos todos os dias
Vou deixar que os braços frios da morte me esfaqueiem as vísceras
Feito espadas de esgrima, em doses homeopáticas...
Assim lentamente...
Não sei bem, mas acho que o grito preso na garganta me engoliu!
Estou descendo lentamente goela a baixo...
Rumo ao buraco do inferno até então desconhecido.
Leila Machado.