quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

SÚPLICA


Antes de te amar...
Nada era eu, sentimentos inúteis
Sonhos vãos, beleza sem brilho
Antes de amar...
Nada valeria mais a pena
Nem mesmo a saudade
Sofrimento de quem ama
Antes de te amar a poesia era inventada
Era insensível, mentira, invenção

Hoje te amando...
Sinto que estou viva
Pois sinto uma dor tão grande
Uma angustia tão dantesca!
Um sangrar incessante
Um descompasso total
Essa dor me faz perceber
Que meus sentidos estão ativos

Por tanto não tire de mim esse penar!
Ainda que te negue
Ainda que eu esfregue minha carne
Na tentativa inútil de arrancar
Teu perfume impregnado em mim
Ainda que te diga me deixe em paz!
Me deixe em paz!
Me deixe em paz...
Pelo amor de Deus!
Ainda que com lagrimas nos olhos
Te implore que me esqueça
Por que se um dia cederes a esses meus pedidos
Morrei...
Murcha
Vazia
Triste e seca

Da vida que antes sentia nesta alma sem sentido
Se fores embora algum dia...
Tirará de mim não só o teu corpo de minhas mãos
A tua boca de minha boca
Tirará o sopro que rege a minha vida...

 Leila Machado.


sábado, 18 de dezembro de 2010

VOLÚPIA


E se te quero assim
É  por que
Todos os meus sentidos clamam,
Todos os meus poros chamam por você
Porque nenhum outro nesse mundo vai me fazer sentir
Isso que sinto quando nossos olhos se cruzam
Quando nossos pensamentos se cruzam
Quando nossos corpos se unem
Nessa febre
Que mesmo no frio do vento
Faz-nos suar, derreter, esvair...
Esse suor onde parecemos ter acabado
De sair de um banho de chuva
Suadas, molhadas, encharcadas!

Porque quando nossos lábios se tocam
Eu me esqueço de tudo
Esqueço minha identidade
Perco meu endereço...
E não sinto vontade de sair dos seus braços
Nunca mais...!

Oh amada, entenda que sem ti
Não há brilho, não a mar
Não há estrelas nem luar
Não a há sombra nem água fresca
Não há amor nem felicidade
Não há nem mesmo ódio...
Tudo vira nada!
Sal perde o sabor se não tenho sua pele.

Roupa pra que?
Sonhos pra que?
Corpos para que?
Se só no teu o meu se encaixa?

Oh doce e aprazível amada...
Oh mulher!
Oh mulher de minha vida!
Ouça o meu padecer
O meu clamor
O meu desespero

Oh mulher de ombros largos
De seios fartos
Oh mulher de 1,80 m
De pele branca
Oh mulher de lábios quentes
Oh mulher de olhos lindos
De piscar delicioso...

Oh mulher, onde estas?

Oh mulher de beleza única e singular
Oh louca, insana
E de delicioso ciúme!
Entenda que por direito, a ti pertenço
Por que sou caça
E tu meu caçador
Entenda que sou tua prisioneira
Que sou sua!
Sua, sua, sua...
E milhões de vezes sua!

Por que tudo com você
é maravilhoso
Porque contigo
Até a dor é volúpia!

porque minha poesia se repete
Nesse incansável remate
Em que termino e começo
Toda vez que me refiro a você.


Leila Machado.

 

domingo, 12 de dezembro de 2010

NOITE


Essa noite você vive
Entre as flores do jardim
Essa noite eu sou um rio
Essa noite é o vazio
Que você deixou em mim.

Leila Machado.


OLHO


Esse olho...
Esse olho lindo!
Não há muito que dizer sobre ele
A foto, já é a própria poesia
Só sei que sou apaixonada por ele.
Sonho morar dentro dele
Por que ele me penetra quando me enfrenta
Me hipnotiza, me domina
Me persuade
De que a ele pertenço!

E eu sou louca por ele
Por esse Iris negro de pele branca
Essa retina me fotografa
Pra se lembrar de mim, nua deitada sobre a cama.
 Por que desse olho brotam cachoeiras
Brata a água benta que me exorciza!
Do demônonio que há em mim.
Da fera, da femia num constante cio!

Essa pupila me delata toda vez que me vê
Me denúncia, me despe e me abate!
Basta apenas que me olhe...
O dono ou dona desse olho
Não revelo!
É  como que um segredo guardo dentro do próprio olho
Só sabe quem é, quem o conhece e o reconhece.

Leila Machado.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

TEMPESTADE



 Raios, mares, trovoadas, tufão
A chuva cai lá fora...
Os pingos descem com tanto peso
Que parecem querer quebrar o pára-brisa
Os relâmpagos parecem flashes
Iluminando teus lindos olhos

Estamos apenas nós duas paradas no meio do temporal
O cenário do nosso amor hoje é o carro
A cama é o banco do motorista
O volante é o travesseiro que me respalda o corpo

Beija-me a boca seca
Rogo-lhe que me mate a sede com tua saliva
Que trague os meus cabelos
Como quem com desespero quer salvar uma vida

Ah essas mãos!
Essas enormes mãos...
Como caibo dentro delas
E como sei que a elas pertenço

Roça tua língua insana sobre meu pescoço
Perfumado de sintonia
Morda-me os ombros
Para que meu corpo se arrepie

Os reflexos dos pingos da chuva no pára-brisa
Escorrem sobre teus braços fortes
Os raios cortando o céu e eu arranhando tuas costas
O trovão grita zangado lá fora
Enquanto nós, gememos de prazer aqui dentro
Pelo sexo que não fizemos
Por tuas mãos em meus seios
Por minha língua em teus seios
Por minha mão esquerda no meio das suas coxas
Enquanto eu sentada no teu colo rebolo de costas
Esfregando-me em você, como quem quer se infiltrar no seu corpo

Os relâmpagos não cansam de bater fotos de nós
Os pingos escorrendo pelas janelas embasadas
A rua inundada
E nós estamos molhadas
Nós estamos banhadas da chuva de nós
"Pois tudo em seu corpo faz parte de mim"
Porque eu sou chuva em teu corpo
E no meu corpo, tu és tempestade.

Leila Machado.


 




NARCISA SOLITÁRIA


Estou embriagada, entorpecida de mim
Me bebo, me trago e fumo
A mulher que habita em mim
Me vicia, me persuade, me domina e me liberta
Venho apenas de vez em quando
Chego como por encanto
E por encanto também me vou de mim
São 02:30 h da madrugada
São 12 badaladas e eu aqui
Degustando-me e saboreando os lábios meus
Acariciando meu corpo sedento e delineado

Me o olho espelho e me vejo
Nua, pálida intata, polida
Viciante feito droga
Que alucina, delira, goza e passa
Passo a mão pelos meus cabelos
Estão leves e suaves
Perfumados como o corpo meu

Sirvo-me mais uma bebida
Brindo, me tomo, me basto!
Não me critico por isso
Me banho de chuva e as vezes até choro
Quando não me encontro, já que só eu me entendo.
Sinto minha falta
Sinto falta da alegria que me causo
De pintar meu rosto, de sentir-me mais bonita

Estou aqui, embriagada, entorpecida de mim
Escrevo no meu corpo estas palavras
Quem vai ler?
Acho que eu mesma
Quando me lembrar ou mesmo esquecer
Que  cá estou sozinha
Quando o efeito alcoólico de mim, passar
Quando acordar do êxtase
Quando me olhar no espelho pela manhã
E ver minha maquiagem borrada
Das lagrimas que deságuo agora

De tanto amor por mim
Morro agora só
E só eu velo meu cadáver deitado a mesa
Adornado de flores.

Leila Machado.



DESPEDIDA


Despeço-me de ti hoje
Dos teus lindos olhos
Dos teus cabelos lisos e pretos
Da tua boca macia
Do teu abraço

Você nem reparou que eu partia
Você não viu as lagrimas enrustidas em meu riso
A tristeza que eu sentia em te deixar

Quero que lembre-se de mim
Com doçura, com encantamento
Quero ser pra sempre a menina de sorriso breve
A que parecia o tempo todo estar feliz
A que não tinha problemas
Porque quando estava perto de você, nada mais importava
A que sonhava um dia ser a mulher de sua vida
A que acreditou ser tudo em sua vida
Mas que nada pode ser
Além de um hoje, sem pensar no amanhã
A que te escreveu belas poesias
A que te agrediu quando se sentiu ameaçada
E que chorou quando te viu chorar.

Despeço-me de ti meu amor
Porque percebi que não adianta pintar os olhos e as unhas
Não adianta me enfeitar
Não adianta me perfumar
Não adianta lavar os cabelos
Você não sente a diferença dos cheiros
Você não difere as essências
Você se quer me vê
Seus lindos olhos têm outras prioridades a notar

Sei...
Talvez exista um compacto lugar
Para mim no seu coração
Um quartinho quente e sem janelas
E só!

Não vou mais brigar meu amor
Já reconheço
Já sei, meu lugar é aqui fora...
Tem nada não
Eu até gosto da chuva que cai fria nas minhas costas


É com lagrimas que te escrevo.

Ofereci-lhe meu amor como quem com carinho
Oferece uma rosa em sinal de delicadeza
Lembro-me agora o dia em que me disse:
- Mas eu não sei cuidar das flores!
Não te culpo por isso
Não te culpo por nada
Eu sou quem te pede desculpas
Por ser essa representação de coisa nenhuma
Essa sabe tudo que não sabe nada
Não chore, não sinta
Logo esse vazio passa
Essa saudade passa
Logo eu não serei nem lembrança
Da barriquinha de água de côco  ali de Ondina
Logo estarei no livro do esquecimento, empoeirado na estante
Perdoe ir-me embora sem uma despedida formal
Mas é que o meu amor por você estava me matando.

Leila Machado.


quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

SONETO DAS FLORES


SONETO DAS FLORES

Linda rosa de salientes espinhos, quero te alcançar
O que faço para sentir-te no tato tuas pétalas
Sem meu sangue derramar?

Oh lírico carmesim
Oh flor de sândalo
Aproxima de mim
Quem continua me amando.

Oh lótus, trás contigo as minhas águas
Oh flor de laranjeiras
Traz-me de volta a esse pomar

Oh  pitanga, oh jabuticabeira
Oh baronesa, trás contigo as rosas abraçadeiras
Oh lírio, te desafio a me amar
Cala minha poesia, pois esta não quer se calar.

Leila Machado.










VERVE


De verso em verso
Vou pulando com quem salta dos precipícios
De verso em verso,
Vou me livrando do hospício
Não me trago nas poesias que escrevo
Nem nas verves que traço
Não me ofereça teus beijos,
Pois nem quero teus abraços.

Poesia para mim é delírio
É uma fuga
Poesia pra mim é martírio
Poesia me acuda
Poesia faca de dois gumes
E sem pedir licença
Desperta ciúmes.

Eu poeta noturno
Amanheço diurno
Nas madrugadas sem fim
Eu confuso sedento
Acordo e atormento
Que se aproxima de mim

Desculpa a confusão das palavras
Não queira entender a letra das musicas dos boemios
Tente entender a alma de um poeta
E ficarás também louco.

Leila Machado.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

SONETO DE ROUXINOL


Passarinho que canto é esse?
Que tanto canta e me encanta?
Que tanto canto é esse que me deixa tonta?

Que colorido maravilhoso
Vai! Rufla passarinho
Que bater de asas delicioso

Vá buscar o perfume que eu nunca esqueci
Vá oscular a boca das flores
Vais buscar teus amores
Que o meu, há muito perdi

Ensaia teu salto
Passarinho de adejar ofegante
E veloz no alto
Descobre o mistério das amantes

Leila Machado.


INQUIETUDE


Hoje eu entornei o balde de minhas lagrimas
Que eu tentava constantemente manter nivelado
Para que elas não caíssem e eu não me afogasse...
E de minhas lagrimas, fez-se uma linda cachoeira

Hoje eu fiquei nua e não senti frio
Hoje não bebi e não senti sede
Hoje eu não comi e não senti fome
Hoje eu tirei os sapatos
E voei...

Hoje eu dei um tiro no espelho
E acertei o buraco vazio de minha alma
Até agora não encontrei a bala perdida dentro mim.
Hoje eu despi meu espírito do meu corpo
Hoje eu morri!
Serena...
Porque não tive mais vontade de viver.

Leila Machado.



quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

MELODIA SOTURNA



Ouve amor!
Escute!
Observe como essa letra é triste...
Veja como ela entristece a alma de quem a ouve
Parece até que o violão chora enquanto você o toma nos braços
Parece que cada nota, é um grito!
Cada acorde é um martirio!
Essa letra é um tormento aos meus ouvidos!

Veja amor!
Veja como ele sofre, esse violão solitário...
Veja como ele me faz chorar
Veja o desespero com que minhas lagrimas descem ribanceira a baixo
Veja...
Veja a melodia me arrastar pelas pernas.

Meu amooooooooooor!!!!!!!!
Nao ouve daí o lamento no meu canto triste?
Não percebes as lagrimas que escorrerem no meu rosto?
Elas querem esconder-se em minha boca!
Elas querem que eu as engula,
Querem suicidar-se em minha saliva
Querem descer guela a baixo junto com a dor!
Elas querem me elouquecer!
Querem me matar de dentro para fora...
Onde estas amor, que nao aqui perto de mim agora?
Eu te sentia ainda pouco entre minhas pernas!


Leila Machado.






quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

RETRATO DA MINHA TRISTEZA




Vê, a amiga tristeza  aproxima-se...
Há tempos que não me visitava
Senta do meu lado na mesa do seu bar
Veja-a  bebendo do meu copo
Oferecendo-me seu ombro pra eu chorar
Quem a trouxe, você?

Se chegue tristeza!

Pousamos então para a tela, e o pintor é você
Você é quem  pinta a minha realidade hoje de moldura fúnebre...

Pinta, borra toda a minha alegria, mancha meus sonhos
Tira uma fotografia, dessa lagrima que escorre sutilmente sobre minha face triste.

Não me perguntes se me fazes mal!
Acha que tenho coragem de jogar em tuas mãos essa responsabilidade?
Se te quero com todo o meu amor
Se nem penso, quando penso em te querer...

Quando me dissestes: não posso deixá-la!
Meu mundo caiu!
Eu desmoronei...
O céu desabou-se em nuvens
O sol se escondeu e a tristeza invadiu minha alma soturna

Me vi sem você
O tempo parou naquela dor.
E por um instante pensei que ela não fosse cessar
Por que ainda a sinto queimando aqui dentro,
Como quem apaga um cigarro no peito nu do outro.

Às vezes odeio o amor que tenho por você!

Por quê?
Se sou tão importante, me faça sentir importante!
Não me guarde para depois, como ela faz com você
Eu não sou sua válvula de escape
Respeite os meus sentimentos, respeite os seus sentimentos!

Se queres o meu amor
Beba-o  ainda quente,
Não o espere esfriar
Congelar
Não o mate!

Por que isso que faz quando me diz essas coisas em verdades
Feito tapa na minha cara...
Eu sou real, meu amor
Eu sou também sentimentos, eu sofro...
Coloque-se no meu lugar, ou no lugar dela
A quem você pensa estar enganando?
Dê uma chance pra vida te mostrar,
Um jeito menos doloroso de se decidir...

Rasgue a camisa enxugue meu pranto!
Socorra-me desse inferno, ao qual me enclausuro
Quando insisto em te amar!
Não vê que estou morrendo sem o teu amor?
Não vê que estou murchando
Debruçando, sobre o vazo seco da sua sala colorida?

Leila Machado.