sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

NARCISA SOLITÁRIA


Estou embriagada, entorpecida de mim
Me bebo, me trago e fumo
A mulher que habita em mim
Me vicia, me persuade, me domina e me liberta
Venho apenas de vez em quando
Chego como por encanto
E por encanto também me vou de mim
São 02:30 h da madrugada
São 12 badaladas e eu aqui
Degustando-me e saboreando os lábios meus
Acariciando meu corpo sedento e delineado

Me o olho espelho e me vejo
Nua, pálida intata, polida
Viciante feito droga
Que alucina, delira, goza e passa
Passo a mão pelos meus cabelos
Estão leves e suaves
Perfumados como o corpo meu

Sirvo-me mais uma bebida
Brindo, me tomo, me basto!
Não me critico por isso
Me banho de chuva e as vezes até choro
Quando não me encontro, já que só eu me entendo.
Sinto minha falta
Sinto falta da alegria que me causo
De pintar meu rosto, de sentir-me mais bonita

Estou aqui, embriagada, entorpecida de mim
Escrevo no meu corpo estas palavras
Quem vai ler?
Acho que eu mesma
Quando me lembrar ou mesmo esquecer
Que  cá estou sozinha
Quando o efeito alcoólico de mim, passar
Quando acordar do êxtase
Quando me olhar no espelho pela manhã
E ver minha maquiagem borrada
Das lagrimas que deságuo agora

De tanto amor por mim
Morro agora só
E só eu velo meu cadáver deitado a mesa
Adornado de flores.

Leila Machado.



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