quarta-feira, 23 de junho de 2010

JANELA CINZA




Hoje me sinto seca...
Há vários dias que não escrevo
Do meu útero, nem uma misera letra
Dos meus lábios também não
Sinto-me cansada, desanimada
Tudo continua no lugar
As paredes da minha casa ainda firmes
O teto também, no lugar
Meu amor nesse momento lava a louça
Na pia da cozinha a espera de amor,
Um abraço, um carinho qualquer

A casa está vazia além de nós
A TV fala sozinha
Alguma comida está no fogo sendo preparada
Para o almoço
O Sol até brilha lá fora, vejo aqui da janela
Aliás, da janela vejo muito mais que o Sol
Vejo algumas plantas verdes,
Meu muro, desbotado,
O portão e a rua
Algumas pessoas passeando com pressa
E do outro lado da rua
O muro do vizinho
Sem janelas

Embora tudo da minha janela para dentro
Pareça cinza
A cortina balança levemente
E eu na esperança de que nesse balanço
O vento traga consigo minhas palavras perdidas.
Quero sentir outra vez...
A dor de parir meus textos.

Leila Machado.





2 comentários:

  1. A falta de inpiração para o poeta é assustadora. Quando me pego na ausência de palavras me desespero também. Fico inquieta, distante... O fastio do cotidiano, a normalidade dos dias, a tediosa televisão, o trabalho indispensável, a vida em si. Por isso vou do céu ao inferno em busca de palavras, não me importo onde exatamente ou encontrá-las.
    As palavras não se perdem e a gente que se perde delas na banalidade da existência. Mas não se preocupe Leila, você possui uma cisterna delas. A dor é a chuva dos poetas!

    Adorei seu blog e a forma sincera de seus escritos. Estarei sempre de olho nele.

    Bjs

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  2. Volte sempre que quiser querida!

    Obrigada pelas palavras...

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