domingo, 7 de novembro de 2010

VENENO LETAL




Você que tanto me questiona
Que cobra de mim o que não tenho
Que pede, clama, chora
Por  alegrias enquanto apenas sinto tristeza

Não já sabes que minha alma é negra
Como as trevas e a escuridão?
Que já me acostumei a morte
A doença do espírito!

Finja para mim essa alegria
Que tanto me cobras
E que sei, que também não tens
Desenha um sorriso em meu rosto
Traz-me um pouco de felicidade
Uma pequena dose, mínima e qualquer
Pinga aqui no meu peito vazio...
Vamos!

Beija-me face desdentada
Descabelada e suja...
Faça amor comigo enquanto choras...
Enquanto berras
Enquanto delira atuando o prazer que não sentes!

Devore-me,
Ou me engula inteira!
Beba-me o gozo
Chupe-me os dedos descalços
E lamba minhas feridas
Na esperança inútil de curá-las...

Sou quase um bicho
Um bicho solitário e triste
Sou frigida
Vazia
Sou nada!

Cruza meu caminho quem tem coragem...
Quem por burrice ou curiosidade
Tenta me desvendar...

Todos é que acabam vendados
E perdidos no labirinto dos meus corredores sem luz
Nas curvas do meu corpo
Queimam-se nos meus olhos
Afogam-se na minha saliva
Morrem estilhaçados nas laminas dos meus dentes
Caem no buraco sem fim do meu umbigo...

No fim...

Todos se vão!
Nem o mais bonito dos mortais
Nem a mais bela alma
Morrem feito rosa num vazo seco
Murchando aos poucos
Perdendo o perfume e o colorido...

Cuidado!

Meus segundo e terceiro nomes são: Veneno Letal!

Leila Machado.


5 comentários:

  1. Velhoooooooooooooooooooo. Até quando vc tenta ser cruel, vc acaba sendo magnífica!

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  2. Pois é, também sei ser cruel as vezes... kkkkkkkk

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  3. Ferida fétida aberta na alma
    Causa náuseas ao perispírito.
    Sangria suave, lenta, acalma
    Os sofrimentos do espírito.

    Sofrimento útil – perturbação!
    Não há vida no corpo (é morto).
    Estado lento desta separação
    Quando a alma deixa o corpo.

    Dor sentida pelo estado vital
    Depurado na alma, no momento
    Que cessa-se o elo - é fatal

    Vem angústia, agonia moral
    Aumenta seu atordoamento
    Até que se liberta por total!

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  4. Belo cadáver que chegou a praia sem desfigurar-se.
    De lívida face,
    Olhos abertos como se estivesse “viva”,
    Mirava o nada,
    Via o fim.
    Perscrutou-lhe você,
    Tão ingênuo,
    Perdido entre os ventos e os silêncios
    Do anoitecer...
    Sentiu o sangue que pintava seus lábios,
    Aparentava ser doce.
    Cadáver de amavios
    Que o mar trouxe.
    -Traga-o de volta para mim!
    Dizia a voz distante.
    Mas você carregou-o para longe,
    Para onde do mar se esconde.
    Não há caminhos de volta, nem navios.
    Anjo níveo melífero,
    Para o teu bem,
    Devolva esse cadáver venenífero
    Para fera que pertence,
    Antes que os abutres
    Venham lhe comer também...

    Cibele Oliveira

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